Por Breno Miranda e Gabriel Matos
O conceito de advocacia vem passando por transformações profundas nos últimos anos. Com a rápida evolução tecnológica, a globalização e o surgimento de novas demandas sociais, os advogados são cada vez mais desafiados a repensar seu papel e sua atuação no mercado. Dentro desse contexto, surge a necessidade de desenvolver uma mentalidade empreendedora, capaz de alavancar oportunidades e promover uma prática jurídica mais ágil, eficiente e inovadora.
Para advogados especializados em áreas complexas como falências, recuperação judicial e compliance, como nós, adotar uma postura empreendedora não é apenas uma escolha estratégica, mas uma necessidade. No campo da recuperação judicial, por exemplo, a inovação jurídica e a capacidade de conduzir negociações complexas com múltiplos stakeholders exigem uma visão mais ampla, que vai além da aplicação técnica da lei. O advogado empreendedor atua como um gestor de crises, capaz de propor soluções criativas e inovadoras para empresas em dificuldades, ao mesmo tempo em que preserva a confiança dos credores e protege os direitos dos envolvidos.
No campo do compliance e da sustentabilidade empresarial, a advocacia empreendedora também encontra um terreno fértil. Empresas hoje enfrentam a crescente necessidade de se adaptarem a padrões de governança corporativa e critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), que se tornaram centrais para a competitividade no mercado global. Para nós, que atuamos diretamente nessa área, o papel do advogado vai além da simples orientação jurídica — é fundamental ser um parceiro estratégico das empresas, ajudando-as a implementar políticas que não só atendam às exigências legais, mas que também contribuam para a criação de valor a longo prazo.
Além disso, o advogado empreendedor entende que, para prosperar no mercado atual, é necessário investir em tecnologia e gestão eficiente. Ferramentas de automação, inteligência artificial e análise de dados podem otimizar processos, reduzir custos e melhorar o atendimento ao cliente. Ao mesmo tempo, é fundamental cultivar relacionamentos de confiança com parceiros e colaboradores, delegando tarefas com segurança e investindo no desenvolvimento de equipes. Isso permite que o advogado se concentre em atividades estratégicas e inovadoras, ao invés de ficar sobrecarregado com tarefas operacionais.
Por fim, é essencial que o advogado empreendedor tenha propósito e clareza em sua atuação. A busca por justiça e a construção de uma sociedade mais ética e justa devem ser o fio condutor de todas as suas ações. Como advogados, devemos ser líderes em nossas áreas, promovendo não apenas o cumprimento das leis, mas a transformação positiva do ambiente empresarial e social.
A advocacia empreendedora, portanto, não é apenas uma tendência passageira — é o caminho para uma prática jurídica mais dinâmica, eficiente e alinhada às demandas do século XXI. Como profissionais de direito, devemos abraçar essa transformação e liderar, com coragem e inovação, a próxima era da advocacia.
Breno Miranda
Advogado. Presidente da Comissão de Falências e Recuperação da OAB/MT. Presidente do IBAJUD. Fundador do Pinto de Miranda Advogados.
Gabriel Matos
Advogado. Auditor Líder. Coordenador de ESG da Comissão de Compliance da OAB/MT. Fundador da CoffeegroundBR, Lustoza Matos Advogados e Integridade Capital.