Segundo dados do anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros de 2020, 83% das maiores companhias do país contam com uma área de compliance interno, o que demonstra a crescente busca de implementação de práticas de governança corporativa alinhadas à ética e à legislação do país. A adoção de ferramentas para automatizar essas ações também está em ascensão, visando a conformidade regulatória e a mitigação de riscos. Paralelo a isso, sabemos que ainda existem desafios que vão desde a integração de sistemas até a segurança cibernética.
Os processos de compliance, essenciais para garantir a conformidade regulatória e ética dentro das empresas, aliados à sensibilidade e à capacidade analítica humanas, estão se tornando cada vez mais cruciais para lidar com a complexidade e o volume de dados envolvidos. O monitoramento transacional como um dos processos, pode ser, em grande parte, automatizado para identificar padrões suspeitos e atividades fora do comum. Outros processos de prevenção são:
- Prevenção a fraudes e lavagem de dinheiro: esses processos exigem acompanhamento permanente, o que pode ser facilitado por ferramentas que detectam transações suspeitas e comportamentos anômalos;
- Relatórios periódicos: a geração de relatórios periódicos, especialmente aqueles exigidos por órgãos regulatórios como o Banco Central, podem garantir precisão e pontualidade.
Oportunidades e desafios
As ferramentas de IA estão sendo aplicadas para identificar e prevenir potenciais violações regulatórias, utilizando uma variedade de dados, como comportamento de aplicativos e movimentação geográfica. Além disso, modelos de IA e machine learning estão sendo desenvolvidos para aprimorar a identificação de comportamentos suspeitos e prevenir fraudes.
Paralelo a isso, implementar processos de compliance pode ser desafiador devido a uma série de fatores. Cultura organizacional, complexidade regulatória, integração de sistemas, garantia de qualidade de dados, treinamento e conscientização, e monitoramento eficaz são alguns dos desafios mais comuns enfrentados pelas empresas. A superação desses desafios requer uma abordagem abrangente que envolva investimentos em treinamento, tecnologia e cultura organizacional, visando garantir a conformidade e a proteção da reputação da empresa.
A automatização e a IA estão transformando os processos mais eficientes e eficazes na detecção e prevenção de fraudes e violações regulatórias. Além disso, é fundamental considerar a necessidade de uma abordagem ética na implementação dessas tecnologias. As decisões automatizadas, embora eficientes, devem ser transparentes e passíveis de auditoria para evitar vieses e discriminações injustas.
As empresas devem assegurar que os algoritmos de IA utilizados em processos de compliance estejam alinhados com os princípios éticos e regulatórios, promovendo um ambiente de confiança tanto para os funcionários quanto para os stakeholders. Dessa forma, a automatização dos processos de compliance não só melhora a eficiência operacional, mas também fortalece a integridade e a responsabilidade corporativa, essenciais para a sustentabilidade a longo prazo.
Rafael Edelmann
Diretor de Governança, Riscos e Compliance na OKTO para o Brasil. Bacharel, mestre e doutorando em direito pela USP, atua com foco na relação entre direito e crises econômicas.