Por Dalmo Jacob
Costumo ser dos mais otimistas e acredito no potencial dos brasileiros e, claro, do Brasil, para sair de crises, atravessar tempos nebulosos e, assim, retomar o caminho do crescimento. Entretanto, contra fatos não há argumentos e está claro que a nação apresenta dados econômicos preocupantes. Pode parecer cedo para dizer as consequências, mas o quadro é grave e o paciente, digo, o país, precisa de remédio.
Se descontarmos a inflação, a arrecadação federal em julho deste ano caiu 4,20% em termos reais no comparativo com o ano passado. Ora, esse tema é sensível e com certeza um sinal de que alguma coisa na máquina pública não vai bem. É claro que estamos falando aqui de um único indicador. Para uma análise mais profunda, devemos levar em conta diversas variáveis. O trabalho é uma delas.
De acordo com um levantamento da Receita Federal, o Brasil perdeu mais de 400 mil empresas somente em 2023, sendo o setor industrial um dos mais afetados. A pergunta que faço em momentos como esse é: um país que não gera empregos, consegue produzir riquezas satisfatoriamente? É certo que não. Pessoas trabalhando significa dinheiro circulando. É certo que os dados são ainda incipientes, mas assustam.
Podemos passar horas a fio citando dados que podem dentro de pouco tempo indicar uma decadência econômica sem precedentes na história do país. Com déficit primário de R$ 25,7 bilhões em agosto deste ano, as contas do Governo Central são desanimadoras. E o que mais me perturba como advogado tributarista é que alguém terá que sangrar para cobrir o rombo que a falta de gestão governamental poderá gerar em nosso país.
Como de costume, a Federação provavelmente continuará aumentando impostos, como já tem ocorrido. Ao invés de evitar a doença, o Governo está oferecendo o remédio mais amargo disponível. Como eu disse anteriormente, sou dos mais otimistas. Acredito, entretanto, que otimismo tem limite. Não podemos pagar para ver a derrocada econômica, social e política do país.
Também não podemos pagar o preço da incompetência pública. Solidez, liquidez, aumento da produtividade, geração de riquezas, garantia de empregos, qualidade de vida. Essas palavras não podem ficar no papel, mas devem estampar as páginas de jornais, revistas e virar manchete permanente no cotidiano dos brasileiros. Só assim evitaremos o cenário econômico sombrio e preservaremos o futuro do Brasil.