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Por Marcelo Barsotti, CCO da Pryor Global
A pandemia trouxe grandes perdas, tristezas e muitos desafios. Mas como toda crise, traz oportunidades, foi essencial para trazer a saúde mental para a discussão social e corporativa, deixando de ser tabu e se tornando uma prioridade dentro do ambiente de trabalho.
O isolamento social, a quarentena, as medidas de restrição, as internações, os óbitos, o fechamento do comércio e das indústrias, o desemprego, a volta da inflação e diversos outros males foram consequências da pandemia da Covid-19. Os brasileiros nunca viveram uma situação semelhante a que marcou o ano de 2020. A rapidez com a qual o vírus se espalhou e o impacto imediato na vida de toda a população são sentidos até hoje, momento em que a maioria já está imunizada. Afinal, as chances de uma nova variante fazer com que o mundo volte a ver cenas como aquela em Bérgamo, na Itália, são reais.
No mundo do trabalho, os impactos desse cenário devastador foram igualmente sentidos. Uma pesquisa realizada em agosto pelo Datafolha, a pedido da plataforma Zenklub, revelou que 6 em cada 10 brasileiros se sentiram sobrecarregados com o trabalho durante o último ano. Os mais de mil adultos entrevistados relataram ter experimentado ansiedade, depressão, exaustão ou cansaço excessivo e insônia ou dificuldade para dormir.
Não há mais dúvidas que a pandemia fez aumentar, a nível global, os sintomas de transtornos mentais. Um estudo da The Lancet, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, apurou que 53 milhões de novos casos de depressão e 76 milhões de novos casos de ansiedade surgiram no mundo. Os números são alarmantes, pois representam um aumento de 28% e 26%, respectivamente, em relação ao período anterior.
A situação alerta para a necessidade de empresas cuidarem da saúde mental e bem-estar dos seus funcionários. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais custaram 1 trilhão de dólares para a economia global. Sem equilíbrio emocional, mulheres e homens sentem dificuldade para encontrar alegria e perspectivas de conquistas pessoais, bem como em desempenhar suas funções no trabalho, e, por consequência, não conseguem atingir os resultados esperados como pessoas e profissionais.
Diante deste cenário preocupante, no ambiente de trabalho, os gestores, junto com os setores de Recursos Humanos (RH), têm buscado alternativas para cuidar de seus colaboradores. De fato, devido aos altos índices de pessoas que sofrem com transtornos mentais, os serviços especializados em saúde mental têm crescido em número e tamanho, tanto no sistema público, como no privado. Muitos deles foram criados com foco no ambiente corporativo.
Por esta razão, hoje é possível oferecer aos colaboradores desde plano de saúde com foco em saúde mental, consulta com psicólogo no próprio escritório ou à distância, até programas de incentivo à prática regular de atividade física e à alimentação saudável. Ações mais práticas e imediatas, como organizar conversas sobre saúde mental com especialistas e disponibilizar um canal de escuta dentro da empresa, também podem ajudar.
A tendência é que esse apoio psicológico para os colaboradores seja cada vez mais comum dentro das empresas. Em outras palavras, a saúde mental deixou de ser um tabu e se tornou prioridade dentro do ambiente de trabalho. Esta é uma verdade inquestionável e torna-se ainda mais premente com o trabalho remoto, que mescla a vida pessoal e profissional dos talentos e exige cada vez mais equilíbrio emocional e psíquico. A saúde mental é tão fundamental quanto a física e agora temos esta visão clara de que para termos talentos mais produtivos e satisfeitos, precisamos apoiá-los em todas as esferas.