Obras de Matisse e Portinari são roubadas da Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo

Dois homens roubaram, na manhã deste domingo (7), oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Cândido Portinari de uma exposição na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo. O crime foi confirmado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, que informou o ataque à exposição “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, realizada em parceria com o Museu de Arte Moderna (MAM).

O local, que passa por perícia da Polícia Civil, dispõe de equipe de vigilância e sistema de câmeras de segurança. A secretaria informou que todo o material que possa servir à investigação está sendo fornecido para as autoridades policiais, e que as obras expostas contam com apólice de seguro vigente.

Como ocorreu o crime

Segundo a Polícia Militar, os criminosos renderam seguranças e guardas municipais que patrulhavam a entrada da biblioteca. Após entrarem no local e subtraírem os quadros, fugiram em direção à estação Anhangabaú do Metrô. Ninguém ficou ferido durante a ação.

Câmeras do SmartSampa, sistema de monitoramento da Prefeitura de São Paulo, registraram a ação dos criminosos às 10h43. As imagens mostram os homens estacionando uma van na Rua João Adolfo, próximo à Avenida Nove de Julho, retirando as obras do veículo e caminhando pela calçada.

O prefeito Ricardo Nunes afirmou que o sistema de câmeras do Smart Sampa já identificou os suspeitos, que agora são buscados pela polícia.

As obras roubadas

Entre as peças furtadas estão oito gravuras do artista francês Henri Matisse (1869-1954) e cinco gravuras do brasileiro Cândido Portinari (1903-1962), pertencentes à série “Menino de Engenho”. As gravuras de Portinari fazem parte de uma série rara, criada para ilustrar uma edição especial do livro homônimo de José Lins do Rego, publicada em 1959 pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil. A instituição havia sido fundada em 1943 por Raymundo Ottoni de Castro Maya, inspirada na Société des Cents Bibliophiles da França. Segundo informações do site Projeto Portinari, a edição especial contou, ao todo, com 30 gravuras do artista espalhadas pelas 203 páginas do livro.

Entre as obras de Matisse roubadas estava “Jazz”, apresentada no catálogo da exposição como uma obra expoente da produção artística tardia do artista francês. Matisse iniciou o livro em 1943, quando já tinha a mobilidade reduzida após procedimentos médicos, o que o levou a pintar com a tesoura, técnica que caracterizou sua fase final.

A exposição

A exposição “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade” estava em cartaz desde 4 de outubro e se encerraria justamente neste domingo. A mostra reunia obras raras e importantes, como “Jazz”, de Henri Matisse, e “Cirque”, de Fernand Léger, exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.

De Cândido Portinari, a exposição também incluía ilustrações criadas para uma edição de luxo de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.

Sobre os artistas

Henri Matisse foi um pintor francês do início do século 20, figura central do fauvismo, movimento marcado pelo uso ousado de cores vivas e pinceladas livres. Cândido Portinari é considerado um dos maiores artistas do modernismo brasileiro.

A Biblioteca Mário de Andrade

A Biblioteca Mário de Andrade é a segunda maior do Brasil, atrás apenas da Biblioteca Nacional. O local, que completou 100 anos em fevereiro de 2025, guarda quase 1,5 milhão de itens, somando livros, mapas e documentos.

Investigação

Em nota, a Polícia Civil confirmou que realiza diligências para identificar e prender os dois homens. O caso foi registrado no 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e será investigado pela 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).

A Polícia Militar analisa imagens de câmeras de segurança e realiza buscas na região. O local e as imediações seguem sob intenso patrulhamento da corporação.

Fonte: Agência Brasil

More From Author

Recuperação judicial volta ao centro das estratégias empresariais diante da pressão econômica

Ibama é condenado a indenizar pela morte de 1.480 tartarugas da Amazônia durante transporte a criadouro