PIB brasileiro cresce 0,1% no terceiro trimestre e fica abaixo das expectativas do mercado

A economia brasileira cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com o segundo trimestre, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava crescimento de 0,2%.

O Produto Interno Bruto (PIB) totalizou R$ 3,2 trilhões em valores correntes no período. O desempenho representa uma desaceleração significativa frente aos trimestres anteriores: 0,3% no segundo trimestre (dado revisado de 0,4%) e 1,5% no primeiro trimestre (revisado de 1,3%).

Desempenho por setor

Embora a agropecuária tenha apresentado variação positiva de 0,4% e a indústria de 0,8%, o setor de serviços, que tem maior peso na economia brasileira, ficou praticamente estável com crescimento de apenas 0,1%.

Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 1,8% no terceiro trimestre. Grande parte desse avanço se deve à agropecuária, que registrou expansão de 10,1%, impulsionada por aumentos expressivos na produção de milho (23,5%), laranja (13,5%) e algodão (10,6%). Em contrapartida, a produção de cana de açúcar recuou 1,0%.

A indústria avançou 1,7% na mesma base de comparação, puxada pela alta de 11,9% nas indústrias extrativas, principalmente pela maior extração de petróleo e gás. A construção também cresceu 2,0%.

Consumo e investimentos

O consumo das famílias, que vinha crescendo anualmente acima de 3% desde 2021, apresentou visível desaceleração ao longo de 2025. Na comparação trimestral, ficou praticamente estável (0,1%), enquanto na comparação anual registrou expansão de apenas 2,1%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede a capacidade produtiva da economia, recuou 0,4% na comparação entre os terceiros trimestres de 2024 e 2025. É a primeira queda desde janeiro de 2023, muito impactada pelo comportamento fraco do setor de máquinas e equipamentos.

Impacto dos juros elevados

A coordenadora do Núcleo de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Juliana Trece, aponta que a política monetária com juros elevados é a principal explicação para a desaceleração. A taxa básica de juros (Selic) está em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006.

“Por mais que agora já esteja acomodado no patamar bastante elevado, de 15%, a gente sabe que tem um efeito defasado na atividade econômica, e esse efeito está chegando mais evidentemente agora nesse resultado do terceiro trimestre”, destacou.

Exportações resistem

As exportações foram o ponto positivo, crescendo 7% na comparação interanual. É a maior alta desde maio de 2024. Houve crescimento em todos os grupos de produtos exportados, com destaque para os da indústria extrativa, que contribuíram com cerca de 44% para o crescimento total.
Juliana Trece destaca que as exportações cresceram mesmo sob a imposição do tarifaço americano, que cobra taxas de até 50% sobre parte dos produtos brasileiros. Para a economista, a política protecionista americana não teve impacto generalizado ainda.

Taxas de investimento e poupança

A taxa de investimento no terceiro trimestre foi de 17,3%, representando ligeira redução em relação ao mesmo período de 2024 (17,4%). Já a taxa de poupança manteve-se estável em 14,5%.

Desempenho dos serviços

No setor de serviços, frente ao trimestre anterior, três atividades mostraram as maiores taxas de crescimento: transporte, armazenagem e correio (2,7%), informação e comunicação (1,5%) e atividades imobiliárias (0,8%). Por outro lado, as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados recuaram 1,0%.

Acumulado em 12 meses

No acumulado de 12 meses até o terceiro trimestre, o PIB brasileiro cresceu 2,7%, resultado que demonstra resiliência da economia apesar da desaceleração recente.

Fonte: Agência Brasil

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