O mês de novembro marca o Dia da Consciência Negra. O Juriscópio foi um “esquenta” com o objetivo de mostrar que para além do dia 20 de novembro e das temáticas com foco na igualdade racial, o negro está presente nos diversos setores da sociedade durante todo o ano e tem competência para ocupar posições ainda restritas a certas camadas da sociedade. A ideia é questionar a ausência de figuras negras na programação de eventos ou painéis com outras temáticas que não sejam as ligadas diretamente às pautas associadas a negritude.
O encontro ocorreu para debater questões urgentes e atuais que envolvem a sociedade contemporânea sob a ótica jurídica: assim foi o Juriscópio, com quase 5000 visualizações no Youtube e em outras insitutições como a AATSP (Associação de Advogados Trabalhistas do Estado de São Paulo) e SASP ( Sindicato das Advogadas e Advogados do Estado de SP), o que, segundo a organização, prova a relevância de eventos com maior representatividade. Ao todo, quase 50 especialistas negros mostraram a sua habilidade e conhecimento em temas contemporâneos à luz do direito. O encontro contou com a participação de advogadas e advogados negros, o que atinge um dos principais objetivos da proposta. “A principal delas, aliás, foi mostrar, através da composição das mesas e dos temas debatidos, que os (as) especialistas convidados (as) possuem competência intelectual ampla e suficiente para debater questões que vão além daquelas que envolvem os temas raciais”, ressalta ainda a organização.
Como bem lembrou o presidente da ANAN, o advogado Estevão Silva, em fala anterior ao encontro, “na maioria das vezes, os organizadores de eventos não veem os profissionais negros como profissionais capazes de debater, pesquisar e ensinar outros temas que não envolvam racismo e discriminação. Isso significa que quando nos convidam para participar de algum evento, limitam nossas falas às questões raciais”.
O presidente finalizou o evento dizendo que “há muito tempo professores e pesquisadores negros vinham denunciando esta reserva, a ANAN chegou para romper as barreiras.”
Promovido pela ANAN (Associação Nacional da Advocacia Negra) e fazendo jus ao nome escolhido, formado através da junção da palavra (de origem grega) ‘scoppéoo’ que significa ‘observar, ver através’; e ‘juris’, os participantes tiveram a oportunidade de enxergar além ao debater os temas selecionados.
Ao todo, 44 profissionais do Direito participaram do encontro, entre os quais estiveram presentes os doutores e doutoras: Roberto Rodrigues; Erica Gualberto; Dimas Fulni-o; Cristiane Damasceno; Carla Paixão; Karine Alves; Beethoven Andrade; Hector Luis C. Vieira; Naue Bernardo; Clecio Nunes; Cristiano Scorvo Conceição e Verônica Magalhães.
Durante a cerimônia de encerramento, o escritor Plínio Camillo e a escritora de contos curtos Neide Lopes fizeram uma mais que justa homenagem ao advogado, escritor e abolicionista Luis Gama (1830-1852) através de uma leitura coletiva do livro ‘Pretos em Contos’.
Interessados podem acompanhar mais detalhes do evento e e demais informações sobre futuras ações no instagram @juriscopio e nas redes da Associação Nacional da Advocacia Negra- ANAN.