O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, alertou nesta sexta-feira ao participar da 27ª Jornada Nacional de Imunizações que a Covid-19 ainda não desapareceu e que há um aumento de casos em várias cidades brasileiras. Ele ressaltou que, embora a doença não apresente mais o mesmo impacto da pandemia, continua em circulação e afeta grupos vulneráveis.
Atualmente, as crianças menores de 2 anos concentram boa parte das internações; em 2024, foram registrados 82 óbitos nessa faixa etária. “São crianças acometidas por uma doença imune e prevenível por vacina”, enfatizou Chebabo.
Além disso, idosos acima de 60 anos continuam sendo os mais afetados pelas complicações graves e óbitos. Gestantes também estão entre os grupos de risco, pois a vacinação nesse segmento protege tanto a mãe quanto o bebê até a criança estar apta para ser vacinada.
A Covid-19, para a maioria das pessoas, se assemelha a outras infecções virais e pode ser tratada com atenção aos sintomas. No entanto, Chebabo reforçou que a testagem permanece essencial nos grupos vulneráveis — como medida de saúde pública — para reduzir complicações, hospitalizações e mortes. Em casos de sintomas leves e indivíduos já imunizados, ele reconheceu que a testagem pode ser feita de forma individual, em farmácias ou laboratórios, especialmente se relevante para entender quadros de saúde futuros.
Também presente no evento, o professor Expedito Luna, da USP, trouxe à discussão a possibilidade científica de vacinas combinadas contra Covid-19 e influenza. Porém, ele apontou que, dadas as características sazonais distintas dos vírus e os protocolos atuais de vacinação (duas doses semestrais para a Covid-19 em grupos de risco), manter as vacinas separadas continua sendo a opção mais eficaz.
Dados da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) confirmam esse cenário: nos últimos 10 semanas, o índice de positividade da Covid-19 chegou a 13,2%, o maior desde março de 2025. Para Alex Galoro, patologista da Abramed, o aumento é explicado pela queda natural dos anticorpos e pela emergência de novas variantes, mesmo em populações já imunizadas.
Galoro ainda ressaltou que infecções respiratórias seguem ciclo sazonal, influenciadas por transmissibilidade do vírus e imunidade da população. “O inverno favorece aglomerações, o que aumenta a transmissão. Porém, a imunidade — natural ou por vacinas — ajuda a evitar grandes surtos”, concluiu.