Novas tecnologias encontram-se em crescimento exponencial e são ferramentas essenciais para a adequação e conformidade dos processos na atividade empresarial. Hoje, há inúmeras tecnologias e soluções aliadas às melhores práticas que estão sendo adotadas para fortalecer e trazer mais eficiência aos processos de compliance, principalmente no espaço digital.
A Inteligência Artificial (IA) e o Machine Learning (ML) são tecnologias que podem ser utilizadas para a análise de grandes volumes de dados, identificação de padrões e detecção de anomalias, e poderão ajudar as empresas a identificarem potenciais problemas de conformidade de forma mais eficiente, contribuindo, por exemplo, na detecção de fraudes, lavagem de dinheiro e outras atividades ilegais ou eventuais red flags.
A tecnologia blockchain está sendo usada para criar registros imutáveis de transações, o que pode ser útil para garantir a transparência e a integridade dos processos em negociações comerciais, principalmente em transações onde a rastreabilidade é crucial para o registro da conformidade em toda a cadeia de fluxo de dados e informações.
A automação dos processos de compliance, como em tarefas e procedimentos relacionados ao cumprimento de normas e regulamentos internos e externos e a geração de relatórios regulatórios, permite que as empresas reduzam erros e aumentem a eficiência, garantindo conformidade com as regulamentações em constante mudança. As novas tecnologias podem, ainda, promover uma análise avançada e preditiva das redes e dados, que hoje são essenciais para otimizar o direcionamento dos negócios, uma vez que podem identificar tendências e padrões de comportamento e até mesmo eventuais violações de conformidade.
Atualmente, com o avanço tecnológico, já é possível a utilização de técnicas que lidam com conjuntos de dados extremamente volumosos e complexos, com muito mais eficiência, rastreabilidade e segurança. Essa análise envolve o uso de tecnologias como computação em nuvem e sistemas distribuídos para processar, armazenar e analisar esses dados em larga escala.
As Tecnologias de Segurança Cibernética, indispensáveis para as organizações, também estão cada vez mais inovadoras, e visam proteger a confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados pessoais e sistemas de rede. Com o aumento das ameaças e dos crimes cibernéticos, as empresas estão investindo em soluções cada vez mais disruptivas de cibersegurança para proteger seus dados e sistemas contra inconformidades e incidentes de segurança. A IBM Security apresentou um Relatório de Custos das violações de dados de 2023, onde foram analisadas mais de 550 organizações em todo o mundo que tiveram dados violados por ataques cibernéticos.
O relatório IBM constatou que o custo médio global de uma violação de dados em 2023 foi de US$ 4,45 milhões, um aumento de 15% ao longo de três anos. O mesmo documento informou que 51% das organizações planejam aumentar os investimentos em segurança por conta de alguma violação que sofreram, incluindo planejamento e teste de resposta a incidentes (RI), treinamento de funcionários e ferramentas de detecção e resposta a ameaças. De acordo com o relatório, a economia média das organizações que utilizam amplamente a IA e a automação de segurança é de US$ 1,76 milhão em comparação com as organizações que não utilizam esses recursos.
Adicionalmente, plataformas de gerenciamento de riscos baseadas em tecnologia também estão sendo utilizadas para ajudar as empresas a identificarem, avaliarem e mitigarem riscos de conformidade, atuando com mais efetividade e de forma preventiva. Dessa forma, todas essas novas tendências tecnológicas estão, sem dúvida, ajudando as empresas a melhorarem suas práticas de compliance, tornando o processo mais eficiente, seguro, preciso e adaptável às mudanças regulatórias e aos desafios do atual ambiente digital de negócios.
Assim, mesmo diante do enfrentamento de diversos obstáculos, a tendência é o avanço exponencial do uso da tecnologia, impulsionado, principalmente, pelo propósito de melhorar a qualidade de vida dos seres humanos, resolvendo inúmeros problemas, por meio das infinitas oportunidades advindas da inovação.
Contudo, não se pode esquecer que os dados pessoais devem ser protegidos, e os seus titulares devem ser respeitados, resguardados e priorizados, devendo sempre a organização agir com responsabilidade, ética e segurança, independente da tecnologia utilizada, tendo em vista, a implementação de uma efetiva conformidade no ambiente digital.
*Danielle Campello – advogada especializada em Direito Digital, Proteção de Dados e Novas Tecnologias do Di Blasi, Parente & Associados – www.diblasiparente.com.br