Aumentam os crimes digitais no Brasil

O número de crimes digitais praticados no Brasil cresceu 45% em 2024 em relação ao ano anterior, somando cerca de 5 milhões de fraudes. De acordo com a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), que produziu o levantamento, um em cada quatro brasileiros sofreu alguma tentativa de golpe, sendo que cerca de metade se consumou. As modalidades mais praticadas foram golpes bancários, phishing e golpes sociais, que são aqueles em que a engenharia social convence a vítima a tomar alguma atitude que lhe causa prejuízo financeiro.

Para chamar atenção para o tema, o Dia Internacional da Internet Segura é celebrado no segundo dia da segunda semana de fevereiro, que neste ano será dia 11. O advogado criminalista Gabriel Fonseca, do escritório Celso Cândido de Souza Advogados, pontua que para evitar golpes virtuais é preciso ter cuidado com o conteúdo utilizado nas redes sociais. ‘‘Hoje em dia vemos muitas pessoas ‘vendendo’ informações de maneiras erradas e passando imagens de coisas que não são. É buscado causar desejo nas pessoas, principalmente quando o assunto é dinheiro. Sabendo disso, ocorrem promessas de ganhos e lucros fáceis mediante investimentos financeiros, de todas as formas imagináveis’’.

Publicidade

O especialista faz um alerta. ‘‘Os criminosos inovam nas fraudes todos os dias, por isso a importância das pessoas ficarem atentas às notícias para saberem toda situação fraudulenta que ocorre’’. Ele ainda elenca os golpes mais comuns aplicados atualmente nas pessoas:

• Phishing: criminosos se passam por empresas/bancos para solicitar informações pessoais e financeiras, pedir para que o usuário faça downloads ou acessar um link;
• Golpes de ofertas de emprego: usuário recebe email e mensagens falando que recebeu uma oferta de emprego mas que para assumí-lo, deve fazer uma pagamento;
• Catfish: criminosos usam imagens de perfil atraente para manter a vítima envolvida e, com isso, pedem valores, fotos e demais informações
• Ofertas falsas: criminosos oferecem ofertas de produtos por um preço bem abaixo do normal, mas que na verdade se trata de sites falsos e os produtos nunca são entregues.

Após o golpe
Gabriel Fonseca destaca o que as pessoas precisam fazer após perceberem terem sido vítimas de um golpe. ‘‘Imediatamente todo tipo de prova deve ser produzido: prints, extratos bancários, gravação de ligações etc. Com isso, levar o material a um advogado de sua confiança para que seja dado instruções de qual o melhor caminho tomar, seja pela via cível ou criminal’’.

As instituições financeiras podem auxiliar seus clientes também. ‘‘Os bancos têm papel de extrema importância nesses casos, sendo que podem oferecer informações de transações e dados bancários do criminoso que recebeu valores indevidos. É importante mencionar que o banco tem o dever de proibir transações suspeitas. A jurisprudência tem entendido ser culpa do banco pela falta de proteção, o que gera dever de indenização à vítima, a depender do golpe sofrido’’, esclarece o advogado.

O especialista comenta que em alguns casos a vítima consegue recuperar o dinheiro perdido. ‘‘É possível reverter o prejuízo, desde que sejam feitas investigações detalhadas e rápidas, para que não só os criminosos, mas também os laranjas sejam responsabilizados pelo golpe’’, pontua. Gabriel Fonseca dá algumas dicas para que as pessoas usem a internet de uma maneira mais segura:

• Usar senhas fortes e exclusivas para cada conta;
• Atualizar regularmente as senhas;
• Usar autenticação em dois fatores (2FA);
• Evitar redes Wi-Fi públicas;
• Usar um antivírus atualizado;
• Verificar se os sites são seguros;
• Ter cuidado com e-mails suspeitos;
• Não baixar arquivos de fontes não confiáveis;
• Limitar a quantidade de informações pessoais compartilhadas online;
• Verificar regularmente as configurações de privacidade.